REFLEXÃO PSICOPEDAGÓGICA SOBRE CRIANÇAS COM TRANSTORNO DÉFICIT DE
ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE E INSUCESSO ESCOLAR
A
psicopedagogia ocupa-se do aprendiz em seu processo de aprender e de ensinar,
levando em consideração as realidades objetivas e subjetivas que habitam o
entorno da criança e do adolescente. Considera também o conhecimento em sua
complexidade e numa dinâmica em que os aspectos afetivos, cognitivos e sociais
se complementam. Sendo assim, não apenas o desempenho escolar interessa, mas
todas as relações de aprendizagem que a criança ou o jovem estabelece. Esse
conjunto dimensiona e caracteriza a queixa.
Tendo como objeto de estudo o ser cognoscente e
todo o seu universo relacional, a psicopedagogia se estrutura como
interdisciplinar e tem tomado para si a tarefa de não fragmentar o aprendiz em
compartimentos estanques, ou ainda, não supervalorizar determinados episódios
em detrimento de outros. Vale dizer que ao fazermos uma avaliação diagnóstica
não é suficiente conhecer em que patologia ele foi “enquadrado”, mas como ele
se comporta e vem desenvolvendo ao longo de sua vida, qual o significado desses
sintomas em sua família, como a escola entende e acolhe as manifestações da
criança e, finalmente, se a família e a escola estão realmente mobilizadas para
acabar com as queixas.
Entende-se que o objetivo da psicopedagogia é
ajudar na adequação da realidade da criança à sua possibilidade de
aprendizagem, promovendo uma ponte entre a criança e o conhecimento. Investigar
e considerar como ela aprende, o que ela aprende e quando ela não aprende, por
que não aprende, investigando também o seu “prazer de aprender”.
Alícia
Fernández afirma que:
Entre o ensinante e o aprendente abre-se um campo de
diferenças onde se situa o prazer de aprender. O ensinante entrega algo, mas
para poder apropriar-se daquilo o aprendente necessita inventá-lo de novo. É
uma experiência de alegria, que facilita ou perturba, conforme se posiciona o
ensinante. Ensinantes são os pais, os irmãos, os tios, os avós e demais
integrantes da família, como também os professores e os companheiros na escola.
(2001, pg 29)
É importante analisar, para
tanto, do que a família exatamente se queixa quando procura um psicopedagogo.
Ela pode vir ao consultório porque está exausta e precisa de ajuda, ou porque a
escola pediu uma avaliação, ou ainda, porque a psicóloga quer uma visão
psicopedagógica para traçar uma estratégia de abordagem junto à escola, ou
ainda porque o neurologista mandou. Para cada demanda, lê-se uma necessidade
diferente e uma possibilidade de envolvimento mais ou menos comprometida com a
criança e seu desenvolvimento. É diferente se a queixa se concentra na
preocupação dos pais com o futuro de seus filhos, ou se a queixa tem por
interesse o bom andamento das avaliações escolares.
Posto dessa forma interessa-nos não apenas se a
criança sofre de um transtorno, um déficit ou uma síndrome, mas também quem são
os ensinantes dessa criança. Esse dado será fundamental para traçarmos um plano
de ação que se estenda à família, à escola e aos outros profissionais que podem
estar envolvidos no processo.
Os pontos em comum
Tem
sido muito comum nos consultórios de psicopedagogia a queixa de pais que
verdadeiramente desabam, denunciando estarem exaustos com a rotina estressante
que seus filhos lhes impõem. Discorrem as várias estratégias já tentadas com o
objetivo de atendê-los em suas necessidades e agitação, todas elas, na maioria
das vezes, ineficazes. Os pais compreendem o que acontece com seus filhos e
ficam perplexos diante do tumultuo que causam em suas famílias. À medida que se
estabelece a anamnese, é comum os pais se referirem ao transtorno do Déficit de
Atenção/ Hiperatividade (TDAH).No entanto, junto com a demonstração de
conhecimento do fato, aparece o discurso de que seus filhos são inteligentes,
que quando lhes interessa prestam atenção, que eles aprendem só o que não é
para aprender, que eles esquecem as matérias da escola, mas lembram com
detalhes das regras de um game. Enfim, evidencia-se a dúvida em relação ao
transtorno por entenderem que, se tivessem o transtorno (TDAH) teriam de ser
menos inteligentes e menos competentes de forma geral.
O mesmo acontece com os professores. Quando
procurados para saber o motivo pelo qual encaminharam ou deram apoio para a
procura de um diagnóstico psicopedagógico de determinado aluno, é comum
revelarem que ficam na dúvida entre um transtorno de Déficit de Atenção e o
perfil de preguiçoso. Muitos professores entendem o comportamento de uma
criança agitada e dispersa como falta de vontade para estudar, para fazer as
lições, terminar uma prova, etc. Quando tentamos tipificar o comportamento, os
professores afirmam que quando eles desejam, fazem; que eles não param quietos,
no entanto ficam horas e horas na frente do computador ou tocando um
instrumento, não decoram a tabuada, mas sabem cantar uma música inteira. Alguns
professores reclamam que esses alunos
são terríveis, não param quietos e não respeitam regras e contratos
disciplinares, porém sabem todas as regras do futebol. Percebem que a criança é
inteligente para algumas coisas e muito ágeis mentalmente para tudo que lhes
interessa, menos para os estudos.
Ouvindo
tanto os pais quanto os profissionais da escola o que se percebe é o cansaço
que essas crianças causam em seus pais e professores e a dúvida de como eles,
sendo tão ágeis e inteligentes, não conseguem prestar atenção e desenvolver,
com sucesso, atividades corriqueiras do dia-a-dia, que são propostas tanto pela
família quanto pela escola, tais como arrumar o quarto, fazer as lições
escolares, obedecer a regras combinadas, dentre outras. A incapacidade de
prestar atenção ou de ficar quieto leva os adultos que convivem com essas
crianças a considerá-las malandras e, freqüentemente, são rotuladas de
irresponsáveis, malcriadas, endiabradas, avoadas, surdas e até mesmo, pouco
inteligentes. O rol costuma ser de adjetivos pejorativos e, como resultado, os
pais e educadores vivem conflitos entre sentirem-se impotentes diante da
criança e a vontade de ajudá-los. Não percebem o esforço que essas crianças
fazem para obter sucesso em suas tarefas e que se fazem coisas com aparente
facilidade é porque estavam altamente estimulados para aquela investida.
O
Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade
Esse transtorno tem por característica
essencial “um padrão persistente de desatenção e/ou
hiperatividade-impulsividade, mais frequente e grave do que aquele tipicamente
observado nos indivíduos em nível equivalente de desenvolvimento”. (Manual de
Transtornos Mentais – DSM)
Quando a criança apresenta problemas de
convívio social, de rendimento escolar, ou ambos, fica mais fácil
identificá-los e encaminhá-la para atendimento. O diagnóstico é clínico e
caracteriza-se por duas formas: predomínio do padrão hiperativo-impulsivo e
tipo predominantemente desatento, embora possa haver o tipo combinado, que
apresenta características dos dois grupos.
Para ser considerado portadora de TDAH é
preciso que a criança apresente os sintomas há mais de seis meses e que eles
apareçam em situações diversas.[1]
A criança predominantemente hiperativa-impulsiva apresenta inquietação, não
parando sentada ou quieta - não se
mantém sentada por muito tempo, cai da cadeira, se mexe mais do que o
necessário, anda mais do que o necessário, fala excessivamente, não consegue
esperar que o outro termine o que está falando, tem muita dificuldade em
permanecer em silêncio, responde a perguntas antes que elas sejam formuladas
completamente, age como se fosse “movida a motor” e tem dificuldade para
esperar sua vez.
A
predominantemente desatenta tem dificuldade para prestar atenção, esquece
coisas rotineiras ou deixa de fazer coisas importantes, parece não ouvir quando
se fala com ela, tem dificuldade de organização e não enxerga detalhes.
Freqüentemente perde objetos e não suporta atividades que requeiram esforço
mental prolongado.
Ambas podem, ainda, apresentar dificuldade para
terminar uma tarefa, para respeitar limites e regras, para dormir e para
relacionar-se. Algumas crianças não suportam frustrações e, por consequência,
frustram-se muito; outras não avaliam o perigo, não aprendem com os erros do
passado e são difíceis de agradar. Há, também, as que são agressivas,
inflexíveis e com percepção sensorial baixa. Muitas crianças têm dificuldades
com a aprendizagem e com as tarefas escolares.
O diagnóstico: como avaliar?
Para se chegar a um diagnóstico satisfatório, é
necessário que a criança apresente pelo menos seis dos sintomas acima
relacionados, em ambientes diferentes como casa, escola, clube, casa de
parentes, etc., e que os sintomas tenham aparecido antes dos sete anos de
idade.
O
encaminhamento para um neuropediatra é imprescindível para isolar outras
possibilidades diagnósticas como depressão, ansiedade, conduta destrutiva, e
outros diagnósticos.Paralelamente ao exame médico, busca-se entender as queixas
da família e as queixas da escola. Algumas crianças já têm atendimento
psicológico, outras necessitarão desse atendimento.
Precisamos tipificar a dinâmica familiar da
criança: a qualidade das relações parentais e filiais, o exercício da
autoridade, a divisão de tarefas domésticas, a circulação do conhecimento, o
lugar de cada um na família, assim como é imprescindível conhecer o seu
contexto educacional: o colégio e a metodologia adotada por ele, as exigências
acadêmicas, o tipo de atividades propostas pelos professores, como trabalham os
conteúdos, o tempo destinado a cada aula, como lidam com a indisciplina e o
tipo de avaliação de desempenho escolar.
Como o TDAH é considerado um distúrbio
biopsicossocial que atinge de 3% a 5% as crianças em idade escolar, e
preferencialmente meninos, o seu conhecimento e a existência de um plano
estratégico construído para cada criança é diferencial determinante no
tratamento. Muitas famílias acreditam que, com a maturidade, o déficit
desapareça e optam por aguardar “que essa fase passe”. No entanto, o mais comum
é persistir a dúvida, apesar do diagnóstico quanto à forma mais eficaz de
trabalhar com a criança, ou até mesmo, duvidar da veracidade das informações e
dos sintomas listados, “Se estivesse interessado, lembraria....” ou ainda,
“Isso para mim é pura irresponsabilidade...”
O diagnóstico é clínico e não existem exames
laboratoriais para detectar o déficit, portanto, é importantíssimo um conjunto
de observadores atentos e criteriosos voltados ao objetivo de avaliar cada
criança em suas especificidades.
É ponto de concordância que avaliar é
necessário para que possamos entender e atender com competência a criança com
TDAH, no entanto, não é raro a escola ou a família receber o diagnóstico e não
saber o que fazer com ele. Não basta termos o diagnóstico em mãos, é necessário
avaliarmos a situação sob o ponto de vista biológico, social e acadêmico. É
importante destacar que a TDAH tende a perdurar ao longo da vida, ou seja, ela
pode ser controlada, mas os adolescentes e adultos também sofrem as suas
manifestações, principalmente se não forem tratadas.
No
diagnóstico clínico, o neuropediatra dará as informações da situação orgânica
da criança, mas geralmente a queixa aparece por uma necessidade escolar ou de
relacionamento.
Nessa perspectiva, a avaliação visa reorganizar
a vida escolar e doméstica da criança e do adolescente e, somente neste foco
ela deve ser encaminhada. Vale dizer que fica vazio o pedido de avaliação
apenas para justificar um processo que está descomprometido com o aluno e com
sua aprendizagem. “De fato, se pensarmos em termos bem objetivos, a avaliação
nada mais é do que localizar necessidades e se comprometer com sua superação”
(VASCONCELOS, 2002, p 83 ).
Devemos ter muito cuidado ao avaliarmos uma criança, pois a
hiperatividade está “em moda”. Todas as crianças agitadas são chamadas de
hiperativas, o que, na grande maioria das vezes, não é verdade. A falta de
limites e da presença de pais e professores educadores e disciplinadores pode
vir a confundir e a rotular, inadequadamente, crianças e adolescentes que, de
fato, não precisam de medicamentos, mas da presença de adultos comprometidos
com sua formação e desenvolvimento.
O insucesso escolar
As crianças com TDAH, em sua maioria, até sabem
o que deveriam fazer, mas devido à inabilidade de controlarem-se, não agem como
sabem que deveriam – agem antes de pensar! Vale dizer que elas sabem que
deveriam prestar atenção na aula, mas não prestam, levantam-se apesar de
saberem que não deveriam levantar.
O TDAH não afeta a inteligência da criança, mas
a sua aprendizagem. Na maioria dos casos, as crianças e adolescentes tem uma
boa ou até mesmo excelente condição de aprendizagem, fato que se dissocia das
produções escolares que chegam a ser medíocres, em muitas situações.
Na escola, por exemplo, se é dado um exercício
com uma sequência de operações, muito possivelmente ela consiga fazer as duas
primeiras e depois não veja as próximas, ou esqueça algum sinal. Na leitura de
um enunciado, ao chegar ao final não lembra do que leu e afirma não ter
entendido, ou ainda, esquece o que leu. Se for impulsiva, responde algo que lhe
vem na mente naquele momento. Ao ler um livro, depois de ter lido umas dez
páginas não sabe do que está tratando o livro.
Em um teste escrito, poderá responder às questões da primeira página e
entregar sem perceber que o teste continuava no verso da folha. Basta um
cachorro latir lá fora para essa a criança ou adolescente perder a sua
concentração. É o tipo de criança que, quando se dá conta, já fez o que
prometeu não fazer, já perdeu a explicação que precisava tanto, já brigou,
enfim...
Em casa necessitam de ajuda para fazer as
lições, têm suas coisas em desordem, não sabem o que é para fazer ou estudar,
esquecem a agenda na escola, levantam-se para pegar um copo de água e não
voltam para suas tarefas...
Nesse
cenário, o insucesso escolar fica vinculado à compreensão que se tem do papel
da escola. Se entendermos que o papel da escola é construir conhecimento com
“todos” os alunos, certamente os profissionais da escola procurarão formas de
promover aprendizagens. A rigidez da escola pode gerar, além do fracasso
escolar e do sentimento de incapacidade, uma situação emocional desfavorável à
aprendizagem, gerando baixa auto-estima e desestimulando e dificultando, ainda
mais, a aprendizagem da criança ou do adolescente. Não é raro um aprendiz
apresentar-se dizendo: “Sou burro para os estudos.”Igualmente importante e,
talvez até mais determinante, é a rigidez da família ao não aceitar seu filho
como ele é e entender que cada um de nós tem suas dificuldades e pontos a serem
superados. Respeitar e apoiar o aprendiz em seus propósitos de desenvolver-se é
fundamental no caso das crianças hiperativas.
Como intervir?
Não basta termos um diagnóstico adequado e nem
a escola propor-se a adequar estratégias metodológicas para que a criança ou o
adolescente consigam aprender e se instrumentalizar academicamente.
É importante reunir, para conversarem, os
profissionais que atendem a criança, a família e os professores e coordenadores
pedagógicos da escola que freqüenta, para que seja traçado, para cada caso, uma
linha de ação em termos de responsabilidades da escola, da família e dos
profissionais que lidam com a criança. O que deve permear essa reunião é a
coerência entre as diferentes propostas e possibilidades concretas de se
realizar o que se propõe.
A escola assume o papel pedagógico do processo,
no entanto, respaldada pelos profissionais que atendem a criança e validado
pelos pais. Os pais montam estratégias domésticas, orientados pelos
profissionais e validados pelos professores da escola. E os profissionais traçam
objetivos que atendam às demandas dos pais e dos professores. Todos devem se
reunir sistematicamente para avaliar a evolução e reprogramar estratégias.
Para cada criança ou adolescente deve-se
estabelecer uma estratégia diferente que esteja em consonância com os objetivos
e queixas dos pais e professores. Para cada escola um tipo de atendimento e de
trocas. Com isso queremos dizer que não existe receita e nem uma proposta de
“comece por aqui”, mas uma forma de entender e atender a cada uma das crianças,
individualmente.
Entendemos
como o mais importante, a disposição dos pais em modificar comportamentos e
hábitos, ou seja, sair da queixa, entendendo que todos
devem mudar juntos para continuarem sendo família. Também é primordial a escola
abrir-se para esse “multiálogo” até conseguir acertar uma forma de atingir a
criança e motivá-la a trabalhar. Certamente que não se acerta de primeira, que
é preciso persistir, conversar, tentar novamente, reavaliar e continuar
estudando.
Entendemos que o grande objetivo da escola e da
educação é construir sujeitos aprendizes, autores de sua vida e resilientes
para promoverem aprendizagens e enfrentarem suas dificuldades.
Temos de nos reunir, em posturas de parceria de
modo que todos se voltem ao ajustamento de procedimentos que viabilizem o
desempenho acadêmico e social das crianças que apresentem dificuldades com sua
aprendizagem. Entendo que uma família ou uma escola que tem uma criança ou
adolescente com TDAH não tem um problema, mas uma situação para administrar. Porém,
se não for encarada com seriedade, competência e sensibilidade, aí sim, pode
vir a tornar-se um transtorno em suas vidas.
Urge passar à ação, assumindo a idéia de
que o desenvolvimento de capacidades de
desenvolvimento no sentido de tornar as pessoas e as organizações mais
resilientes é uma prioridade na formação do novo cidadão. Mais, é um imperativo
social e comunitário não só a nível local mas também regional e global,
planetário. O mundo está a ficar demasiado rígido e intolerante, autoritário, ditaturial,
para defender os interesses egoístas de um número cada vez mais reduzidos de
privilegiados face à grande maioria dos que vivem com dificuldades,
desprotegidos, e, até, em extrema pobreza, miséria e outras formas de exclusão.
(Tavares, 2001,
p.63)
É
nesse quadro que proponho a avaliação psicopedagógica e o planejamento de uma
intervenção multidisciplinar, pautada no compromisso de promover
desenvolvimento, auto-estima e condições de maturidade emocional para resolver
problemas e amadurecer o ser cognoscente.
Referências
bibliográficas:
FERNÁNDEZ, A O
saber em jogo A
psicopedagogia propiciando autorias de pensamento. Porto Alegre, Artmed,
2001.
Manual
Diagnóstico de Transtornos Mentais –
DSM-IV-TR, da Associação Psiquiátrica Americana.
TAVARES, J. Resiliência e Educação. São Paulo: Cortez, 2001
VASCONCELLOS, C. Avaliação da aprendizagem: construindo uma
práxis. In: Temas em educação -
I Livro da Jornadas de 2002.
Futuro Eventos.
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